Hoje estava a rabiscar uns pensamentos quando me mandaste uma mensagem. Lembrei-me que, nos dois anos que te conheço, nunca escrevi nenhum texto direccionado a ti. Talvez porque na maioria das vezes escrevo para que a dor fique, de alguma maneira, presa às folhas e tu és das poucas coisas que não me causa dor. Na verdade, és uma das melhores pessoas que eu já conheci. Não somos daquelas pessoas que expõe o que sente, mas não precisamos de o fazer. Adoro quando caminhamos as duas sem dizer absolutamente nada, sabias? Quando me apercebo de que o estamos a fazer, olho para ti e sorrio embora saiba que nunca reparaste que o faço. A nossa amizade não implica qualquer obrigação, é simples. Não complicamos, não impomos. Conseguimos ter conversas sérias mas também rimos até doer o maxilar. Eu percebo quando estás tão mal que precisas de falar senão rebentas mas também entendo quando estás absorta em pensamentos e preferes ‘ficar no teu canto’. Sou a única pessoa com quem desabafas e isso enche-me a alma de forma inexplicável. Tenho um carinho enorme por ti e movo montanhas para te ver bem. E, embora até hoje só te tenha dito um único ‘gosto muito de ti’, acredita que ele foi mais do que sentido. Gosto demasiado de ti para o tornar em algo banal.